O Hot Topic é: Amor

Quando estamos num relacionamento amoroso, temos uma distração fixa. É o melhor passa tempo do mundo ter alguém sempre ali contigo. Uma pessoa que te agrada, que te diverte. Um relacionamento amoroso preenche as lacunas do dia a dia que só são percebidas quando se vive sozinho. Viver a vida sozinho dá espaço para sentir o silêncio. É viver a vida no pelo. Terminar uma relação é como tirar a anestesia do acesso. Do nada, tudo é novo, e todos os costumes agora precisam se readaptar a ausência.

Não é ruim, é diferente. Tudo é diferente.

Eu falo muito sobre o vazio, penso muito sobre o vazio, pois sempre quero acabar com ele. Sempre estou em busca de aproveitamento de todos os momentos, todos os segundos. E o vazio é a condição humana. A solidão é a condição humana. Não tem pra onde fugir. É preciso encontrar passa tempos: relacionamentos (creio que seja o melhor deles), arte, esporte, culinária. Se manter em movimento, manter a mente em movimento.

Estou analisando e percebendo a confusão que muitas vezes acontece quando despejamos todas as esperanças e toda a responsabilidade de produção de felicidade das nossas vidas em relacionamentos amorosos, e talvez seja por isso que muitos deles não funcionam. O amor não é um objetivo, o amor é o caminho. O amor é o melhor hobby que podemos e precisamos encontrar na vida. Ter amor por tudo, por todos, e eventualmente, se vier a calhar, por alguém especial.

O amor verdadeiro não deve acabar. Ele é próprio, ele é vida, é contínuo. É preciso encontra-lo em outras faces, com outras formas, além da de “relação amorosa”. É preciso pois acho que isso facilite a diminuir a dor do vazio. Parece óbvio, se distrair para não pirar. Mas é tão difícil na hora de agir. É difícil estar presente sempre, é difícil se permitir estar entediado, é difícil reconhecer o agora. Estar presente, ser grato, sentir gratidão, mesmo em momentos difíceis.

Hoje eu me sinto grata. Sinto muito amor e gratidão por todo o privilégio que tenho. Tenho saúde para viver, para pensar, comer e reclamar de tudo isso se quiser.

Percebo que a vida acontece no meio tempo, o amor acontece no meio tempo. A gente quer muito o objetivo, mas a vida é o caminho.

O exemplo prático de querer muito o objetivo ao invés de aproveitar o caminho é: flertar com alguém que você gosta querendo cegamente, com visão de túnel, conseguir ficar com essa pessoa, e ao fazer isso, você não aproveita a fase do flerte, pois a trata como se fosse uma passagem, um protocolo. O foco é o final, e não o caminho, que também pode ser apreciado.

Agora que estou na metade da minha faculdade, a ficha caiu em relação ao tempo. A vida passa todo dia, e a gente vive todo dia. É preciso estar presente. Já se passaram 3 anos desde que comecei meu curso, em um piscar de olhos, como um suspiro. Quem não está atento acaba deixando a vida passar, sempre esperando o mês que vem, semana que vem, o aniversário, o feriado chegar. A vida é agora. Quando almejamos o futuro, abrimos mão da vida.

O amor é presente. Amar as minúcias de cada momento. Sem querer nada além. Cada respiração, cada aula, cada aprendizado. Todas as conversas com pessoas agradáveis ou desagradáveis, paisagens bonitas, idas e vindas, ter que pegar o ônibus cheio de gente esquisita para voltar pra casa. Ir na natação, nadar 50m de piscina gelada na maior velocidade possível dando tudo de si, sentir a adrenalina e o medo tomando conta de todo o centímetro de corpo antes de pular do bloco, como se fosse a primeira vez. Rir com os amigos, chorar, dormir e acordar, ouvir música, estudar, ver meu irmão crescer, amar.

Só o amor conhece o que é verdade.

Amar sem esperar nada em troca, amar todos os segundos de vida. Estar presente é o meu objetivo. Pois não desejo inverter os valores e fazer com que o amor vire o destino, e não o caminho.

É como viver um namoro esperando o casamento. Dia após dia imaginar “quando será que vou noivar?” E esperar, ansiar, como se o casamento fosse um oásis no deserto, sem perceber e valorizar tudo o que já existe ali.

É como viver a faculdade ansiando pelo dia da formatura, todos os dias. Querer que essa fase passe logo, que o sofrimento acadêmico termine de uma vez por todas, sempre reclamar de ter que estudar e de todo o cansaço que envolve ser estudante, sem ao menos parar para respirar e estar presente. Quando você vê, a faculdade acabou, o tempo passou, e você escolheu usa-lo pensando no futuro, ao invés de investir todas as energias no aqui e agora.

A ânsia de ter, de pensar, de existir. A ânsia de existir muitas vezes nos rouba a existência.

Hoje me faço presente. Tento, ao menos.

É um exercício interessante se lembrar de perceber a vida. As vezes, quando estou andando distraída, entremeada na monotonia da rotina, me lembro: “estou viva. não se esqueça de viver.” e tudo parece ficar mais real de novo. Isso é amor